quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vidente ensina o que é importante para lembrar ou esquecer


Quando completei 18 anos, apaixonei-me perdidamente por um rapaz que nunca ligou para mim. Ele andava com minhas amigas de escola, era charmoso e sedutor com as garotas, muito atencioso e bem-educado. Mas para mim pouco sobrava desse verdadeiro cavalheiro. Parece que quanto mais eu queria, mais o sujeito corria para longe de mim. Eu rezei, eu fiz novenas, eu chorei, fui ao padre, fui ao centro espírita, mesa branca, e nada...


Um dia uma moça que trabalhava como diarista na casa de uma conhecida minha me ensinou: "Acenda uma vela, chame pelo Senhor Sete Flechas e você verá".

Fiquei impressionada com aquilo. Matutei por uma semana sobre a possibilidade de eu mesma resolver o desamor que me afligia, chamando como aliado uma entidade poderosa como aquela que a diarista da casa da minha amiga apresentou-me. Relutei. Tive medo, insegurança, imaturidade. Não sabia se as consequências não seriam desastrosas, beirando perigos grandes demais para a garota que eu era. Depois me decidi, corajosa.

Numa noite, alta madrugada, casa vazia - pois meus pais tinham saído para uma festa de aniversário de um amigo -, fui à cozinha, acendi uma vela (naquela época a falta de luz frequente fazia com que as tivéssemos em profusão numa das gavetas), mirei bem fundo no azulado da chama e, em cima da pia, pingando, grudei a vela no pires.

Concentrei-me, elevei minhas ondas mentais, fui chamando e pedindo. De repente, ali ao meu lado, estava um índio, com grandes penas amarelas e vermelhas na cabeça. Ele era muito alto e forte, quase transparente e apresentava um brilho estranho na pele.

Olhei para ele. Ele me devolveu o olhar com um semblante muito sério. Foi como se ele dissesse que havia muita coisa mais importante para fazer na vida do que chorar por um homem que não nos quer.

Esqueci o tal namorado, a dor passou e casei-me com outro. Mas o índio eu não esqueci nunca, nem a lição que ele me deu.

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