sábado, 4 de junho de 2011

Vidente fala sobre visita a cartomante em busca de respostas

Fomos eu e minha afilhada à cartomante. Pensava: "em casa de ferreiro, santo de casa não...". Eu já tinha dito: "o namorado não volta! Não serve para você... desista, minha querida". Não adiantou. Ela, na sua meninice de 15 anos, resolveu sofrer de novo e me intimou: "Ou você me leva à cartomante, ou eu vou sozinha".

É preciso filtrar informações ditas por cartomantes ou sensitivas, pois algumas palavras podem influenciar negativamente

Fomos. Fazia um friozinho de início de noite, tudo embranquecido sob uma chuvinha rala, dando uma falsa impressão de limpeza àquele bairro de classe média.

A casa era simples, grande e limpa. Era um consultório, pois dava para perceber que não servia como moradia. "Entro sozinha, ou senão nem vou". Foi. Fiquei esperando. O veredicto foi o mesmo: "O menino não serve, virá outro etc."

Acudi a choradeira, batendo de leve na porta. Ela chorava as pesadas lágrimas da primeira desilusão amorosa. Caudalosamente, soluçava de se ouvir de longe. Sentei-me ao seu lado e a cartomante, mesmo sem que eu desejasse, consultou imediatamente um lindo baralho colorido e me perguntou: "Você tem um negócio, não é?"

Realmente, eu tinha um pequeno negócio, mas tão pequeno que custei a me lembrar e achei estranho o fato de ela falar justamente daquilo que não me era importante e não me dava lucro algum, dentre as tantas coisas que eu faço.

Com o olhar grave e o rosto sério, ela vaticinou: "Esse seu negócio, que é seu ganha-pão, vai falir e você vai perder tudo que você tem, a menos que..."

Eu, curiosa, repeti: "a menos que..." e ela me explicou que eu precisaria fazer uma série de "trabalhos espirituais" para me livrar do problema. Não perguntei o que era, e nem quanto custava. Tomei conhecimento e vim embora.

Dois anos se passaram e eu não mexi com nenhuma influência espiritual. Na semana passada, saí do tal negócio definitivamente, sem ter falido. A perda não ocorreu. A menina trocou de namorado e, agora, já mais madura - 17 anos - derrama ainda grossas lágrimas por um novo amor, e muitas derramará pelos próximos.

A vida seguiu seu rumo e eu fiquei a me perguntar quanta gente acaba ouvindo coisas negativas numa cartomante, numa sensitiva, e o quanto isso pode influenciar uma pessoa e tirar-lhe a segurança de vencer. Por isso eu creio que uma vidente precisa trabalhar sempre levando em conta uma porcentagem de acerto e explicando isso ao seu cliente. Assim se evitam ocorrências piores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário