segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vidente explica por que o inverno provoca reflexões importantes

A tarde cai rápida e logo escurece. O outono vai ficando para trás e o frio começa a mostrar seu rosto nas madrugadas e manhãs. Se aproxima o inverno. Inverno no país tropical, pouco usual, estranho mesmo, coisa exótica, longe dos nossos arraigados hábitos cotidianos.

A estação fria abre em nossos centros de sensibilidade mística duas importantes reflexões

As pessoas esfregam as mãos, encapotam-se com casacos meio amarrotados após longa vigília no armário, procuram um café com leite fumegando no meio da tarde ou chocolate quente bem reanimador para enfrentar as horas que antecipam o esperado momento de baixar na caminha, preferencialmente com cobertas, edredons, lençóis de flanela bem quentinha.

A estação fria abre em nossos centros de sensibilidade mística duas reflexões de magnânima importância. Dois temas devem nos ocupar nesses dias mais curtos, de sombras menos pronunciadas, de luminosidade esmaecida. Vejamos.

Primeiramente é preciso entender que a natureza convida e conclama ao recolhimento, ao voltar-se para dentro, para si mesmo. No inverno as cascas se fecham, proteções são buscadas, o mundo não se expande, investiga-se. Em termos de sensibilidade é tarefa desafiante entabular longa conversação com nossa interioridade.

Hora de balanço geral, de medir perdas e danos, de contabilizar as boas colheitas, de reforçar a coragem e o otimismo para as renovações e os aquecimentos que virão pela frente. Ao lado dessa responsabilidade, menos abstratamente, é momento de compreender com quão pouco podemos viver, quão econômico pode ser nosso dia a dia.

Um teto - sem necessariamente lustres de cristal; bom banho quentinho - sem mármores ou cobres pelo banheiro; cama simples - de preferência dividida com quem nos tira da solidão, sem misteres de dosseis ou cetins. Esses miúdos prazeres, pequenos luxos, confortam e dão força para enfrentar os ventos e chuvas frias dessa época.

Obrigatório torna-se, portanto, pensar em quem sequer conta com esse mínimo abrigo material. Gente que não come um prato de sopa, não tem meias para gelados pés, não pode tomar um xarope se precisar. No calor, tais sofrimentos se atenuam, tropicalizam-se em festa, revelam a energia positiva dos nossos irmãos que vão tocando adiante como Deus deixa.

No frio isso significa, e não como força de expressão, morte. Mais do que nunca, então, para esses dias de frio, solidariedade rima com vida. Vamos praticá-la?

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